Operadores pipe

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Transformação de dados
Uso de operadores pipe para encadear funções e simplificar fluxos de dados em R.

Em R, operadores pipe são usados para passar a saída de uma função para a entrada de outra, tornando o código mais legível e conciso. Este tutorial compara o operador pipe nativo |> introduzido no R 4.1.0 e o operador %>% do pacote magrittr.

1 Operador Pipe nativo |>

O operador pipe nativo |> é uma nova adição ao R base. Ele permite escrever código mais limpo e legível ao encadear funções.

# Exemplo usando o operador pipe nativo |>
resultado <- 1:10 |> 
  sum() |>
  sqrt()

resultado
[1] 7.416198

Neste exemplo, a sequência de 1 a 10 é passada para a função sum(), e o resultado é então passado para a função `sqrt()```.

O mesmo resultado é obtido sem o operador pipe por:

resultado <- sqrt(sum(1:10))

resultado
[1] 7.416198

2 Operador Pipe do pacote magrittr %>%

O operador %>% do pacote `magrittr``` tem sido amplamente usado na comunidade R há vários anos. Ele serve ao mesmo propósito que o operador pipe nativo, mas possui alguns recursos adicionais.

library(magrittr)

# Exemplo usando o operador pipe do magrittr %>%
resultado <- 1:10 %>%
  sum() %>%
  sqrt()

resultado
[1] 7.416198

Este exemplo alcança o mesmo resultado que o anterior, mas usa o operador %>% do pacote magrittr.

3 Diferenças e Considerações

3.1 Suporte a Placeholder

Uma diferença chave é que %>% suporta placeholders (.), que podem ser úteis para pipelines mais complexos.

# Usando placeholder com %>%
resultado <- 1:10 %>%
  sum() %>%
  { . / 2 } %>%
  sqrt()

resultado
[1] 5.244044

O operador pipe nativo |> não suporta placeholders diretamente.

Usando o pipe nativo, a mesma expressão ficaria:

resultado <- 1:10 |>
  sum() |>
  (\(x) x / 2)() |>  # Esta linha é similar à: `(function(x) x / 2)()`
  sqrt()

Portanto, torna-se necessário declarar uma função dentro da sequência se comandos.

4 Tratamento de Erros e Depuração

O operador %>% do magrittr fornece mensagens de erro mais detalhadas e melhores capacidades de depuração. Se você encontrar um erro em um pipeline usando |>, a mensagem de erro pode ser menos informativa em comparação com o uso de %>%.

5 Desempenho

Ambos os operadores pipe têm desempenho semelhante na maioria dos casos. No entanto, |> por ser parte do R base, pode ter ligeiras vantagens de desempenho em alguns cenários devido à sua integração com a linguagem principal.

6 Quando usar operadores pipe

Tanto o operador pipe nativo |> quanto o operador %>% do magrittr são ferramentas poderosas para escrever código R limpo e legível. A escolha entre eles depende de suas necessidades específicas e preferências. Se você precisa de suporte a placeholders e depuração aprimorada, %>% é uma boa escolha. Para uma dependência mais leve e potencialmente melhor desempenho, |> é uma opção sólida. A seguir algumas sugestões para a escolha entre os operadores.

  1. Leitura e Legibilidade: Use operadores pipe quando você deseja aumentar a legibilidade do código. Eles ajudam a encadear operações de forma linear, tornando o fluxo de dados claro e fácil de seguir.
resultado <- dados %>%
  filter(variavel1 > 10) %>%  # Filtra os dados
  mutate(nova_variavel = variavel2 * 2) %>%  # insere `nova_variavel` no data frame
  summarise(media = mean(nova_variavel))  # extrai a média da `nova_variavel`
  1. Transformações Sequenciais: Use operadores pipe quando você precisa aplicar uma série de transformações sequenciais nos dados. Eles permitem que você evite a criação de variáveis temporárias.
resultado <- dados |>
  filter(variavel1 > 10) |>
  mutate(nova_variavel = variavel2 * 2) |>
  summarise(media = mean(nova_variavel))

# Sem o operador pipe, esta sequância de códigos poderia ficar:
res1 <- filter(dados, variável1 > 10)
res2 <- mutate(res1, nova_variavel = variavel2 * 2)
resultado <- summarise(res2, media = mean(nova_variavel))
  1. Consistência de Sintaxe: Utilize pipes para manter uma sintaxe consistente em todo o seu código, especialmente se você estiver trabalhando em um projeto colaborativo onde a consistência de estilo é importante.

  2. Simplificação de Funções Aninhadas: Empregue operadores pipe para simplificar a leitura de funções aninhadas, evitando a necessidade de múltiplos parênteses.

resultado <- sqrt(sum(1:10))

# versus

resultado_pipe <- 1:10 |>
  sum() |>
  sqrt()
resultado
[1] 7.416198
resultado_pipe
[1] 7.416198
  1. Codificação Explorativa e Prototipagem Rápida: Use pipes durante a exploração de dados e prototipagem rápida, pois eles permitem que você altere e teste rapidamente diferentes transformações.

7 Quando Não Usar Operadores Pipe

  1. Simplicidade Excessiva: Evite usar operadores pipe para operações extremamente simples onde o uso de pipes não adiciona clareza. Por exemplo, sum(1:10) é mais claro sem o pipe.

  2. Depuração de Código: Não use pipes se você está tendo dificuldades para depurar uma sequência de operações. Em vez disso, atribua resultados intermediários a variáveis temporárias para inspecioná-los.

passo1 <- filter(dados, variavel1 > 10)
passo2 <- mutate(passo1, nova_variavel = variavel2 * 2)
resultado <- summarise(passo2, media = mean(nova_variavel))
  1. Operações Complexas com Várias Etapas: Evite usar pipes em operações muito complexas que envolvem várias etapas interdependentes, onde a clareza do código pode ser comprometida. Por exemplo se você precisa manipular dois data frames independentes e depois uní-los, fazer isso em uma única sequencia de operadores pipe pode tornar o código difícil de interpretar.
# Criando exemplos de data frames
dados1 <- data.frame(
  categoria = rep(c("A", "B", "C"), each = 4),
  variavel1 = rnorm(12, mean = 6, sd = 2)
)

dados2 <- data.frame(
  categoria = rep(c("A", "B", "C"), each = 4),
  variavel2 = rnorm(12, mean = 10, sd = 5)
)

library(dplyr)
# Operações complexas em uma única sequência de operadores pipe
resultado <- dados1 |>
  group_by(categoria) |>
  summarise(media_variavel1 = mean(variavel1)) |>
  inner_join(
    dados2 |> 
      group_by(categoria) |> 
      summarise(soma_variavel2 = sum(variavel2)),
    by = "categoria"
  ) |>
  mutate(nova_variavel = soma_variavel2 / media_variavel1) |>
  arrange(desc(nova_variavel))

resultado
# A tibble: 3 × 4
  categoria media_variavel1 soma_variavel2 nova_variavel
  <chr>               <dbl>          <dbl>         <dbl>
1 C                    6.15           51.7          8.41
2 B                    6.38           39.8          6.24
3 A                    5.87           27.0          4.60

O exemplo acima pode ser reescrito de forma que cada etapa tenha uma leitura mais clara.

# Passo 1: Filtrar e resumir dados1
resumo_dados1 <- dados1 |>
  group_by(categoria) |>
  summarise(media_variavel1 = mean(variavel1))

# Passo 2: Filtrar e resumir dados2
resumo_dados2 <- dados2 |>
  group_by(categoria) |>
  summarise(soma_variavel2 = sum(variavel2))

# Passo 3: Unir os resultados dos dois data frames
resultado_unido <- inner_join(resumo_dados1, 
                                     resumo_dados2, 
                                     by = "categoria")  |>  
  mutate(nova_variavel = soma_variavel2 / media_variavel1) |>
  arrange(desc(nova_variavel))

resultado_unido
# A tibble: 3 × 4
  categoria media_variavel1 soma_variavel2 nova_variavel
  <chr>               <dbl>          <dbl>         <dbl>
1 C                    6.15           51.7          8.41
2 B                    6.38           39.8          6.24
3 A                    5.87           27.0          4.60

Embora o código tenha ficado mais longo, fica também mais simples de ser inspecionado.

  1. Desempenho Crítico: Se você está preocupado com o desempenho crítico e a eficiência, pode ser melhor evitar pipes, já que eles podem adicionar alguma sobrecarga.

  2. Ambiguidade de Funções: Evite pipes se o uso deles torna a ordem das operações ou a origem dos dados ambígua. Certifique-se de que a sequência de operações é clara e lógica.